As culturas ancestrais a usavam para fazer cordas, papel e velas de barco. A realeza usou a cannabis como medicamento para combater a dor. Médicos a usavam para tratar doenças e as religiões a usavam para se aproximar do divino ou afastar os maus espíritos. DaBoa Brasil – Legalizando A Informação

Não há dúvida de que a cannabis teve um impacto significativo na cultura humana nos últimos milhares de anos.
Com o tempo, os governantes tiveram opiniões muito diversas sobre a cannabis. Embora alguns respeitassem e venerassem a planta, outros a detestavam. A maconha foi banida repetidamente ao longo da história. Aqui estão alguns exemplos.
- Arábia
O primeiro relato da proibição da cannabis data de 1378. O emir de Joneima, Soudoun Sheikouni, baniu a maconha na região da Arábia que estava sob seu controle.
- Madagáscar
O próximo caso de proibição ocorreu em 1787 na ilha africana de Madagascar. Quando o rei Andrianampoinimerina subiu ao trono, ele baniu a cannabis em todo o seu reino. Para garantir que seu povo obedecesse a essa ordem, ele aplicou a pena de morte para fazer cumprir sua lei draconiana.
- Império francês
Napoleão proibiu o uso da maconha em 1800. Depois que suas tropas invadiram o Egito, ele testemunhou os efeitos da cannabis em seus soldados enquanto fumavam haxixe e bebiam bebidas com maconha. Temendo que isso diminuísse a eficácia de sua tropa, ele proibiu o uso de cannabis e fechou os pontos de venda que forneciam aos seus soldados.
- Brasil
O conselho brasileiro aprovou leis contra a cannabis em 1830, no Rio de Janeiro. A lei estipulava 3 dias de cadeia para escravizados que fossem pegos consumindo o “pango”, enquanto vendedores brancos eram penalizados apenas com multa.
- Império Otomano
O Império Otomano travou uma guerra contra o haxixe egípcio em 1877. O governo de Constantinopla (a cidade capturada após derrotar o Império Bizantino) ordenou que suas tropas destruíssem todo o haxixe egípcio.
- Marrocos
Até o berço do melhor hash do mundo sofreu alguma forma de proibição. Em 1890, o sultão Hassan I impôs severas restrições ao cultivo da maconha, concedendo o direito de cultivá-la apenas a certas tribos.
- Grécia
Apesar da importância da planta cannabis na história da Grécia antiga, em 1890 o governo grego proibiu o cultivo, importação e consumo de maconha.
Século XX
Embora seja apenas um pequeno episódio na relação entre humanos e cannabis, a proibição se espalhou para muitos países durante o século XX. Muitas dessas leis ainda sobrevivem de alguma forma até hoje. Estes são apenas alguns dos países que baniram a maconha durante este período:
- Jamaica (1913)
- Serra Leoa (1920)
- México (1920)
- África do Sul (1922)
- Canadá (1923)
- Panamá (1923)
- Sudão (1924)
- Líbano (1926)
- Austrália (1926)
- Indonésia (1927)
- Reino Unido (1928)
- Estados Unidos (1937)
- Holanda (1953)
- Nova Zelândia (1965)
- Bangladesh (1989)
- Polônia (1997)
Século XXI
No século 21, as coisas mudaram repentinamente. À medida que a ciência começou a desmantelar as propagandas que em grande parte levaram à proibição durante o século anterior, muitos países retrocederam e começaram a tornar a cannabis mais acessível a seus cidadãos. Os países que legalizaram a cannabis para fins medicinais ou recreativos, ou descriminalizaram a maconha, eles incluem:
- Luxemburgo
- Canadá
- Portugal
- Bélgica
- Chile
- Brasil
- Áustria
- México
- Argentina
- Dinamarca
- Suíça
- Itália
- Alemanha
- Grécia
- Alguns estados dos EUA
Curiosamente, a maior parte da ciência pioneira que lançou as bases para nossa compreensão da planta ocorreu durante o período de intensa proibição do século XX. Embora as propriedades medicinais de toda a planta fossem conhecidas na antiguidade, os cientistas ocidentais conseguiram isolar os ingredientes ativos. Eles também começaram a investigar como a cannabis funcionava no corpo humano e rapidamente descobriram como moléculas como o THC interagem com o sistema endocanabinoide.
Aqui estão alguns dos principais eventos que nos levaram à nossa compreensão atual da cannabis e como ela produz seus efeitos fascinantes:
Início da década de 1930: um grupo de Cambridge liderado por Thomas Easterfield isolou o primeiro canabinoide na forma de CBN, um produto da decomposição do THC.
1940: o químico americano Roger Adams isolou o CBD pela primeira vez.
1964: Raphael Mechoulam e seus colaboradores foram os primeiros a isolar o THC.
1973: os pesquisadores confirmaram os efeitos de alteração da mente do THC em experimentos com animais e humanos.
Início da década de 1990: os pesquisadores descobriram e reproduziram os receptores que compõem o sistema endocanabinoide. Descobriram o receptor CB1 em 1990 e o receptor CB2 em 1993.
1992: foi descoberto o primeiro endocanabinoide conhecido pela ciência: a anandamida.
1995: Mechoulam e seus colegas identificaram um segundo endocanabinoide: 2-AG.
Atualmente, a maconha continua a se recuperar do tratamento draconiano que recebeu durante o século XX. À medida que nosso conhecimento científico sobre a planta aumenta, mais países estão legalizando a erva.
Os cientistas especializados na cannabis estão constantemente descobrindo novas aplicações médicas para a planta. Os pesquisadores estão examinando mais de 100 canabinoides e 200 terpenos presentes nos buds da maconha. A maioria desses fitoquímicos oferece benefícios por si próprios e também parecem ter um efeito sinérgico quando usados em conjunto.
Muitas mentes inovadoras estão dando continuidade ao trabalho de nossos ancestrais. Eles estão explorando os usos industriais do cânhamo: de um combustível ou um material de construção, a um recurso para limpar solos contaminados.
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