Eles participaram de uma revolução de costumes e experimentações, viveram os anos 60, lutaram contra convenções, inventaram a contracultura e viram nas drogas uma oportunidade de libertação das amarras sociais. O tempo passou e os baby boomers, geração nascida no pós-guerra, envelheceram. Paloma Oliveto – Correio Braziliense
Com o passar dos anos e com a legalização sendo encaminhada em diversos países, é cada vez mais comum observar diferentes grupos que antes estigmatizavam a maconha agora estarem fazendo consumo da erva. MAPA DA MACONHA
Em 2018, a poderosa Associação Americana dos Aposentados (AARP) que reúne 38 milhões de membros, fizeram uma pesquisa que mostrou que os estadunidenses idosos acreditam que a maconha possui efeitos medicinais, é eficiente no combate à dores, para melhorar a falta de apetite, controlar a ansiedade e deveria ser disponibilizada sob supervisão médica. Antidrogas
Na chamada National Poll on Healthy Aging (Pesquisa Nacional sobre Envelhecimento Saudável), foram ouvidas mais de 2 mil pessoas entre 50 e 80 anos, numa parceria entre a AARP e a Universidade de Michigan.
Em contrapartida, a pesquisa também mostrou que 60% são contra o uso da maconha sem fins medicinais, 64% são favoráveis a um estudo financiado pelo governo para avaliar com precisão seus efeitos sobre a saúde e 70% afirmaram que consideram a hipótese de consumir maconha se tiverem um quadro para o qual a cannabis trouxer algum tipo de alívio.
No Brasil, a relação da população com a maconha é diferente da relação criada pelos norte-americanos. Aqui a discussão sobre a legalização nem se aproxima da pauta sobre uso recreativo e já é considerado algo polêmico. Nos faltam dados para analisar o uso da maconha pela população que não seja num viés incriminatório e sim de pesquisa e informação.
O Projeto de Lei 399/15 apresenta um parecer favorável à legalização do cultivo no Brasil, exclusivamente para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais da Cannabis sativa, esta pauta avança a passos extremamente lentos no Brasil.
Além do uso medicinal, o uso pessoal e recreativo da droga também é uma realidade entre os idosos em outros lugares do mundo. O uso da erva já havia dobrado de 2015 para 2019 nos Estados Unidos entre idosos, chegando a 5% da população acima de 65 anos sendo usuária, e a previsão é que o número tenha aumentado ainda mais durante a pandemia.
A Associação Nacional da Indústria da Cannabis dos Estados Unidos fez estudos que mostram que o aumento da venda de cannabis no país aumentou em 20%. Para muitos, a maconha é vista como uma forma de escapismo, ansiolítico, relaxante e no contexto em que vivemos, isolados, isso tem se tornado uma alternativa atraente para muitas pessoas, incluindo os idosos.
Estudos de pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida apontaram a eficácia do uso da maconha para combater a Doença de Alzheimer, a principal doença neurodegenerativa responsável pela demência. Segundo o estudo, doses pequenas de THC (substância química presente na cannabis) diminuem a concentração de uma proteína, beta-amilóide, que é uma das causadoras da doença. Além disso, o THC junto a outro princípio ativo, o CBD, já foram apontados como eficientes no combate de várias outras enfermidades neurológicas, que tendem a acometer idosos, tais como: Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, Transtornos do Espectro do Autista.
As mortes relacionadas aos opioides são uma das crises mais sérias que os americanos enfrentam, e um plano bem regulado de Cannabis medicinal pode ajudar a diminuir isso. Embora se acredite que os opioides afetem os jovens, as estatísticas afirmam que mais de 2,8 milhões de idosos abusaram de medicamentos prescritos no ano passado. Os opioides representam uma ameaça para os idosos e aumentam suas chances de cair, o que é um dos principais motivos pelos quais eles acabam em casas de repouso. Uma dosagem constante e bem administrada de maconha pode reduzir drasticamente esses riscos. Sechat
A expectativa é de que esse mercado movimente US$ 23 bilhões (cerca de R$ 77 bi) nos próximos cinco anos. Lá, o que mais preocupa é a epidemia de mortes relacionada a opiáceos e heroína. No caso dos medicamentos opiáceos, normalmente empregados contra a dor, são mais de 200 milhões de receitas por ano: a estimativa é de que 11 milhões abusaram dos remédios prescritos.

Assim, tanto o THC quanto o CBD podem ter efeitos positivos nos seguintes sintomas: agitação, ansiedade (quando em doses baixas), agressividade, depressão e dor. Além disso, ambos atuam na neuroproteção e na redução da formação de placas senis. Individualmente, o tetraidrocanabinol alivia tanto a insônia quanto a anorexia e ameniza a perda de memória, enquanto o canabidiol, atuando sozinho, auxilia apenas na psicose.
Pesquisadores liderados por Andreas Zimmer, da Universidade de Bonn, na Alemanha, administraram baixas doses de THC a camundongos jovens, maduros e idosos. Como esperado, camundongos jovens tratados com THC tiveram um desempenho um pouco pior em testes comportamentais de memória e aprendizagem. No entanto, sem a droga, camundongos maduros e idosos tiveram pior desempenho nos testes do que os mais jovens. Mas depois que os animais idosos receberam THC, seu desempenho melhorou a ponto de ficarem parecidos com os de ratos jovens não tratados. “Os efeitos foram muito robustos, muito profundos”, diz Zimmer.
A memória de curto prazo dos ratos jovens ficou prejudicada – efeito que condiz com experimentos similares realizados com seres humanos. Esse, porém, é uma consequência reversível. Surpreendentemente, no entanto, entre os ratos idosos o resultado foi de uma melhor cognitiva sensível, com melhores resultados dentro dos labirintos – tornando o desempenho dos idosos, que antes era consideravelmente pior, tão bom quanto dos ratos jovens. Vitor Paiva – Hypeness
O motivo, segundo os cientistas, estaria na capacidade da maconha de imitar substâncias que nosso corpo produz, processadas pelo sistema endocanabinoide, presente em todos os mamíferos. Se nos jovens, nos quais o sistema funciona bem, o estímulo pode bagunçar a cognição, entre os idosos o THC pode acabar por equilibrar sintomas de declínio cognitivo. A experiência em Bonn foi repetida diversas vezes, sempre com o mesmo resultado.
As descobertas levantam a possibilidade intrigante de que o THC e outros canabinóides possam atuar como moléculas anti-envelhecimento no cérebro. Os canabinóides incluem dezenas de compostos biologicamente ativos encontrados na maconha sendo o THC o grande responsável pelos efeitos psicoativos da erva. Os compostos vegetais imitam as moléculas semelhantes à cannabis do nosso cérebro, chamadas canabinóides endógenos, que ativam receptores específicos no cérebro capazes de modular a atividade neural.
Com esse volume de estudos apontando os bons efeitos da maconha na vida de um idoso, é importante também estar atento aos riscos e cuidados que devem ser tomados ao fazer o uso da erva.
Um outro estudo foi feito, realizado pela equipe da Amen Clinics, do Google, da John Hopkins University, e dos centros da Universidade da Califórnia em Los Angeles e San Francisco, onde o abuso do uso da maconha demonstrou uma aceleração no envelhecimento do cérebro em 2,8 anos, mas ainda existem questões psiquiátricas inseridas nessa equação.
Se os efeitos do uso prolongado da maconha sobre nossa memória pode efetivamente ser prejudicial, uma pesquisa realizada por uma universidade alemã concluiu que a idade é um fator determinante para tal equação – e que, sobre usuários mais velhos, o efeito do THC pode ser o contrário, aguçando, impulsionando e melhorando a memória do usuário idoso.
“É consenso que os idosos usam drogas prescritas ou não, ilícitas ou legais, as quais podem ser catalisadoras ou agravantes de outras doenças mentais. Esse é um problema grave, sobretudo se considerarmos que a previsão é de 15 milhões de idosos com transtornos psiquiátricos para 2030 em decorrência das mudanças na pirâmide demográfica”, diz Alessandra Diehl, psiquiatra e vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos Sobre o Álcool e outras Drogas (ABEAD).
A expectativa de vida vem aumentando cada vez mais com o avanço da medicina e no Brasil, de acordo com o IBGE, a população idosa cresce em ritmo acelerado e passou de 19,5% no período entre 2012 e 2017. Acredita-se que, até 2060, os idosos vão chegar a uma expectativa média de 81 anos e representar 32% da população brasileira – sendo que em 2013 ocupavam apenas 13% da pirâmide demográfica.

A solidão é algo que afeta muito os idosos e que pode funcionar como porta de entrada para a depressão, doenças e até a morte. A Cannabis é considerada uma substância que melhora a mente, que pode ajudar os idosos a desenvolver sua criatividade, melhorar suas habilidades sociais e promover seu relaxamento. The French Toast in: Sechat
Diversas questões acerca dessa fase da vida estão rodeadas de tabu e estigmas impostos pela sociedade, então é importante destacar que ser idoso não impossibilita ninguém de viver sua liberdade da forma que bem lhe agrada.
Entre argumentos negativos e positivos, a questão é que houve, de fato, um aumento no uso da maconha entre os idosos e existem diversas razões possíveis para isso.
Enxergar os idosos como enfermos que precisam estar sempre cuidando da saúde e isentá-los de seres que buscam diversão e lazer é uma forma de preconceito, não é mesmo?
Assim como associar o uso da maconha a um uso abusivo e prejudicial é uma visão preconceituosa, associar idosos a pessoas debilitadas de saúde física e mental também é preconceito.
Talvez o mais relevante nisso tudo seja pensar a importância deforma enxergar a cannabis em sua mais natural e despretensiosa: mesmo tendo as incríveis propriedades que tem, os riscos que apresenta, ainda se mantém como algo muito menos danoso que diversas drogas legais e aceitas por toda a sociedade. O importante é se cuidar, manter a saúde e SEMPRE fazer o uso de tudo na vida com moderação.
E você, qual é sua opinião sobre a maconha e seus usos? Já a utilizou de alguma forma? Tem alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!
10 comentários em “MACONHA NA TERCEIRA IDADE”