Segundo a Associação Internacional de Redução de Danos (IHRA):
“Redução de danos é um conjunto de políticas e práticas cujo objetivo é reduzir os danos associados ao uso de drogas psicoativas em pessoas que não podem ou não querem parar de usar drogas. Por definição, redução de danos foca na prevenção aos danos, ao invés da prevenção do uso de drogas; bem como foca em pessoas que seguem usando drogas. (…) A Redução de danos complementa outras medidas que visam diminuir o consumo de drogas como um todo. (…) também aceita o fato de que muitas pessoas não conseguem ou não querem parar de usar drogas. (…) É portanto essencial a existência de informações, serviços e outras intervenções de redução de danos que ajudem as pessoas a se manter seguros e saudáveis.” Reaja
Ou seja, a redução de danos é uma estratégia plural, para lidar com os problemas advindos do uso abusivo de determinadas substâncias, desde a dependência crônica em drogas ilícitas, até a dependência de álcool e antidepressivos e ansiolíticos prescritos legalmente.
Redução de danos é tudo aquilo que envolve práticas e cuidados para diminuir o potencial nocivo que as drogas podem apresentar, focando em um consumo consciente e seguro, formentando uma forma eficaz não só de cuidar da saúde, mas de se certificar que você entenda e controle todos os impactos que o uso de qualquer substância possa trazer à sua vida. Maria Fernanda Drumond – Somke Point

É a estratégia que visa diminuir os prejuízos causados pelo uso de drogas na sociedade. Para tal, utiliza de práticas e políticas humanas, empáticas e individualistas para alcançar esse objetivo. Wagner Pessoa – Viver Sem Drogas
Estudos atestam a importância da redução de danos na reabilitação de dependentes. Por envolver práticas mais humanas e encarar a dependência como uma doença, maneira correta de enfrentá-la, a redução de danos traz vários benefícios para a saúde pública e para a vida dos dependentes.
A atuação em redução de danos, hoje, tem uma perspectiva mais ampla, de promoção de direitos individuais e sociais de usuários e usuárias de drogas, mas sua origem data de 1926, na Inglaterra, com a publicação do Relatório Rolleston, a partir do qual se indicava a prescrição médica de opiáceos para dependentes químicos de heroína, como forma de prevalecer os benefícios desta administração frente aos potenciais riscos da síndrome de abstinência.
Esse pensamento mais humanitário e empático em relação aos dependentes surgiu na Europa, mais precisamente na Holanda, em 1980, para combater a disseminação de doenças pelo uso de drogas injetáveis.
Portanto, o grande papel da redução de danos dentro da saúde pública é evitar a contaminação e proliferação de doenças, principalmente nos dependentes de drogas injetáveis, e garantir o sucesso da reabilitação dos usuários em tratamento.
A redução de danos é algo extremamente importante, e hoje encabeça as melhores estratégias de saúde pública em países como a Holanda, onde ao invés de reprimir, o governo se preocupa em educar. Um exemplo disso é o canal DrugsLab: com apoio do governo, profissionais testam e descrevem o efeito de drogas, bem como a forma correta de utilizá-las e amenizar seus danos à saúde.
No Brasil, a primeira experiência em redução de danos ocorreu em 1989, na cidade de Santos, com a distribuição de seringas estéreis entre pessoas usuárias de drogas injetáveis, com o objetivo de conter a disseminação do HIV/AIDS.
Desde então, em muitos estados brasileiros têm sido desenvolvidas ações nesta perspectiva, sejam por instituições públicas ou por organizações da sociedade civil, e com apoio, sobretudo, das diretrizes do Ministério da Saúde, por meio dos Programas Nacionais de DST/AIDS, Hepatites Virais e Saúde Mental. Estas ações também se ampliaram para diferentes drogas e diferentes formas de uso, saindo do foco da pessoa usuária de droga injetável.
Segundo dados epidemiológicos do Ministério da Saúde, a prevalência de HIV entre pessoas usuárias de drogas injetáveis era de 28% em 1993, chegando a 10,2% no ano de 2003.
Além da comunicação, outra habilidade interpessoal que deve estar sempre em uso é a empatia. Não dá para ouvir um dependente sem se colocar no lugar dele e entender suas dores, suas angústias e seus gatilhos – enfim, compreender os motivos que o levaram àquela situação.
Reduzir danos significa olhar para o indivíduo e reconhecer suas fraquezas, mas sem julgar. É uma estratégia humana que procura e tenta preservar a vida, não apenas dos dependentes, mas também da comunidade ao seu entorno.
O primeiro passo para aplicar a redução de danos é perceber o contexto de cada dependente e, a partir de então, definir uma abordagem.

Fazer uma redução de danos eficaz é mais simples do que parece.
Primeiro passo: beba água!
Se no dia a dia beber água já é importante para a sua saúde no geral, na redução de danos não seria diferente. Se manter hidratado é fundamental, afinal, a água tem um papel regulador na pressão sanguínea, reduz dores de cabeças e é claro, mata aquela sede marota que sempre aparece depois de dar aquela pitada marota!
Coma bem
Metade droga, metade salada: a gente fala isso não é à toa. Um corpo bem nutrido e forte tem muito menos chances de apresentar reações adversas ao consumo de narcóticos. Ou seja: comer bem é a sua ferramenta anti-sequela, e de quebra já complementa aquela larica monstra que é companheira de todo maconheiro.
Se certifique da qualidade da sua droga
O controle de qualidade das drogas que os brasileiros consomem dificilmente vai ser uma preocupação, no por isso, nem sempre temos garantia da pureza das substâncias que utilizamos.
Se você, assim como muitos, recorre ao famoso prensado, a gente recomenda fortemente que você lave antes do consumo. Isso garante não só a retirada de impurezas, mas também potencializa o efeito do que você está usando.
Muitas vezes o prensado vem com amônia e diversas outras substâncias para evitar que ele “estrague”.
Utilize piteiras
Seja de vidro ou de papel, a piteira é muito importante não só para deixar o seu beck muito mais “fumável”. Utilizar piteiras ajuda a resfriar a fumaça, além de reter algumas das impurezas que podem estar presentes no fumo.

Bole direito, use seda!
O papel que você usa para bolar o seu beck também vai direto para o seu pulmão. Por isso, use o papel adequado, e recorra sempre a sedas e blunts de qualidade.
O papel comum leva alvejante, pigmentos e diversos outros químicos que eu nem sei o nome de cór. Mas ainda sim, se você não se importa com a fumaça de água sanitária entrando no seu pulmão, talvez seja a hora de começar.

A estratégia admite o usuário de drogas como um indivíduo único que tem seus motivos particulares para se viciar. A partir daí, tem-se uma gama de tratamentos e métodos que são adotados para aquela pessoa especificamente.
Esta estratégia está sedimentada em alguns pilares, tais como empatia, Direitos Humanos, respeito à autonomia do usuário, cuidado, acolhimento, atenção integral à saúde, saúde pública. E parte da premissa de que as substâncias alteradoras do sistema nervoso central existem e são utilizadas há muitos milênios pelos seres humanos, e que – a despeito de toda a proibição fracassada da War on Drugs -, o consumo de substâncias permanece e permanecerá, cabendo à sociedade o papel de educar e conscientizar para escolhas bem informadas e usos seguros das mesmas.
A abordagem de Redução de Danos hoje atua na perspectiva transdisciplinar de saúde, cultura, educação, assistência social, trabalho e renda, visando a garantia do cuidado e dos direitos.
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