Algumas pessoas acreditam ser apenas uma questão de tempo até ela ser legalizada na maioria dos países – assim como o tabaco e o álcool, por exemplo – enquanto outras afirmam que isso provavelmente nunca vai acontecer. Gabriel Wanderley – Smoke Point

Antes de discutirmos de fato os desafios e potenciais da legalização da maconha a nível mundial, é importante apresentarmos uma rápida distinção entre dois diferentes termos utilizados nessa conversa.
Descriminalização
Neste caso, o ato deixa de ser crime e não é mais passível de punição penal, ou seja, o usuário não pode mais ser preso por isso.
Apesar disso, ainda poderia ser considerado “ilícito civil ou administrativo”, com possibilidade de aplicação de multas, prestação de serviços comunitários ou cursos de reeducação.
Legalização
O ato passa a ser permitido por uma lei, que regulamenta e define como será praticado. Com isso torna-se possível a criação de normas e condições para definir o cultivo, distribuição e uso da maconha, por exemplo, além de restrições de idade e locais de utilização.
Seria possível também a aplicação de punições para aqueles que descumprirem as regras definidas.
A maconha é fortemente ligada à cultura de alguns países, como acontece na Índia e na Jamaica, por exemplo.
O uso de drogas, mais especificamente da maconha, acontece em praticamente todos os países do mundo – inclusive naqueles onde este uso é ilegal. Com isso, perde-se o controle deste uso e do comércio dessas substâncias, possibilitando uma maior atuação do crime organizado e garantindo lucros enormes a estes grupos de traficantes.
O comércio legal da cannabis – seja ele para fins industriais, medicinais ou recreativos – pode trazer um retorno financeiro impressionante aos países onde a planta é legalizada. Um exemplo disso são os Estados Unidos, que atualmente movimenta bilhões de dólares por ano através do comércio regulamentado da substância.
O lucro obtido através do comércio e exportação da maconha regulamentada pelo estado poderia garantir maiores investimentos em políticas públicas de saúde, educação, moradia, geração de emprego e até mesmo no combate e prevenção do uso abusivo de drogas.
A cannabis medicinal possui enorme potencial terapêutico e grande quantidade de pessoas poderiam ter sua saúde beneficiada pela legalização da erva e pelo incentivo ao desenvolvimento de pesquisas sobre o tema.
Ainda é muito comum discursos médicos, políticos e religiosos que – muitas vezes sem qualquer embasamento – condenam a planta. Além disso, o estigma existente sobre o usuário transforma o tema em um grande tabu, dificultando ainda mais o debate.
Como cada governo possui autonomia para criar suas próprias leis, é muito difícil uma padronização na legislação que regulamente a cannabis da mesma forma em diferentes nações.Dificuldades na definição sobre os impostos gerados pelo mercado legal da cannabis e como este dinheiro será gasto.
A dificuldades na definição sobre os impostos gerados pelo mercado legal da cannabis e como este dinheiro será gasto, com isso, torna-se um grande desafio direcionar o dinheiro gerado pelo novo mercado de modo que diminua possíveis riscos e traga benefícios concretos para a população geral.
Da mesma forma que alguns países têm a maconha como algo presente em sua história e cultura, outros a condenam também de forma cultural, alguns países provavelmente nunca aceitarão plenamente seu uso – ou pelo menos levarão muito mais tempo para aceitá-lo.
A legalização da maconha é sim uma tendência mundial, ou pelo menos em grande parte dos países e existem diversos desafios que devem ser bem discutidos para que essa legalização traga maiores benefícios para a população.
Em 2019 a OMS recomendou a reclassificação da cannabis, e no ano seguinte uma comissão da ONU retirou a substância da lista de drogas mais perigosas, mas ainda recomenda certo controle sobre a substância.
E você, acredita que é possível legalizar a maconha mundialmente? Conhece algum outro desafio ou potencial que cerca essa legalização? Conta para a gente também o que você acha?
6 comentários em “Legalização mundial da maconha: tendência ou desafio?”