Comestíveis de maconha são parte de uma tendência culinária em ascensão e muitos desses produtos se transformaram em criações sofisticadas, que competem com bolos, doces e refrigerantes encontrados nos mercados de comida artesanal. Sam Dean – Vice in: UM CANCERIANO SEM LAR.
De acordo com estudos da Arcview Market Research e BDS Analytics, que estuda o consumo de cannabis, a categoria de maior crescimento é a cannabis consumível. Sechat
A BDS Analytics, uma empresa de pesquisa de mercado, estima que o mercado de alimentos e bebidas com infusão de canabinoides chegará a US$ 5,9 bilhões até 2024 em todos os canais, incluindo dispensários de Cannabis. Isso representa um aumento de US$ 906 milhões em vendas projetadas em 2019, com US$ 560 milhões, ou cerca de 62%, provenientes de dispensários, disse Jessica Lukas, vice-presidente sênior de desenvolvimento comercial da BDS Analytics. Sechat
O mercado de nutrição esportiva é outra área em que o CBD em alimentos e bebidas é promissor. Em outubro de 2019, a Canopy Growth Corp. anunciou a compra da participação majoritária na BioSteel Sports Nutrition Inc., cujos produtos para nutrição esportiva foram comprados pelas principais ligas esportivas da América do Norte e endossados por atletas como “The Great One” – lenda da NHL Wayne Gretzky.
A liberação da cannabis em diversos países do mundo, o uso medicinal, industrial e, claro, adulto da planta, abriu as portas para algo que a já se havia experimentado, mas com ares renovados. A diferença é que agora, com estudos que mostram os benefícios da erva, crescem o número de pessoas que estão incluindo a cannabis em sua alimentação cotidiana. As receitas canábicas, foram além do brigaderonha e dos ‘space cookies’ para chegar ao nível da inovadora gastronomia.
Ao redor dos Estados Unidos, chefs e comensais estão explorando a versatilidade da planta de cannabis infundindo com alimentos, combinando maconha inalada com comida e explorando o espectro de perfis de sabor e efeitos psicoativos distintos de diferentes cepas de cannabis.
Um exemplo de como esse mercado gastronômico tende a crescer ainda mais, é o reality show da Netflix focado nas receitas cannabicas (Cooking On High), que coloca 10 chefs uns contra os outros para criar o prato mais saboroso e criativo para um painel de quatro juízes de celebridades. A única ressalva é que todas as receitas devem deixar todos os jurados ‘ligados’. Isso significa que, presumivelmente, os chefs também terão que dominar a arte da descarboxilação e extração de THC, para garantir que seus pratos sejam deliciosos e potentes.
O Colorado possuía 500 dispensários médicos, de alto escalão – conhecidos agora simplesmente como lojas – que originaram toda uma linha de produtos que você não estranharia numa prateleira de loja de produtos naturais. A maconha medicinal já é legal no Colorado desde 2000. Os amantes da ganja podem compartilhar sua cannabis abertamente com os amigos, desde que não haja troca de dinheiro, já que a revenda do produto comprado legalmente é proibida.
Fazer manteiga de cannabis e tinturas de THC exige um grande volume de aparas — as folhas, talos e outras partes com THC ativo da planta, que são deixados de fora quando os botões fumáveis são cortados. De acordo com Bob Eschino — um dos parceiros por trás da companhia de MIPs Medically Correct — as pessoas jogavam as aparas fora sem pensar, em 2010, um desperdício imperdoável para qualquer chef especializado. Desde então, dispensários começaram a usar 70% de sua produção total de maneira criativa e o mercado de extratos começou a ganhar força. Óleo de butano de haxixe, óleo de haxixe para vaporizadores e outros produtos sortidos estão esgotando o suprimento de aparas que, antes, ia direto para os comestíveis.
Elise McDonough, designer de eventos da High Times, comanda a Cannabis Cup em Denver, o maior festival anual dedicado à erva dos EUA, é a autora do livro de culinária do High Times e acredita que “comparado a outros mercados, na Califórnia e Washington, acho que os produtores de comestíveis de maconha do Colorado estão em outro nível”. Muitas marcas de comestíveis, ou MIPs — marijuana-infused products —, do Colorado incluem o tipo de informação nutricional que você encontraria num pacote de bolacha no supermercado, o que é exigido para atestar a quantidade de THC ativo na mistura. O estado considera 10 mg como uma “dose”, e produtos de varejo estão limitados a 100 mg por unidade, seja uma fatia de cheesecake ou uma barra inteira de chocolate.
As empresas flexíveis que continuam a florescer foram aquelas com a perspicácia de organização e o fluxo de caixa para sobreviver a essa paisagem em mutação, e dinheiro para cobrir o aumento no preço das aparas. Aqui vai um resumo dos principais concorrentes na paisagem de comestíveis de maconha do Colorado.
A companhia Mountain Medicine investe no balcão de confeitaria com, por exemplo, sua barra de torta de mirtilo, vencedora da Cannabis Cup da High Times, e o chocolate de nozes e coco que oferece potentes 300 mg.
Weller, no Colorado, começou a desenvolver uma água com gás com infusão de CBD em 2018, que contém 25 mg de CBD por porção, é classificada como número 1 em bebidas carbonatadas com base em dados da SPINS, de acordo com o co-fundador da Weller, Matt Oscamou.
A Dixie Elixirs está conquistando os clientes com seus elixires efervescentes, uma variedade de sodas gaseificadas com sabores como grapefruit, pêssego, groselha e salsaparrilha. As bebidas efervescentes são dosadas com algo entre 40 e 75 mg por garrafa. Diferente de muitos de seus competidores, a Dixie começou a testar e rotular seus produtos antes que isso fosse exigido oficialmente, o que fez a transição deles para o varejo ser relativamente tranquila.

And we’ve established ourselves as the trusted source for innovative, safe, effective and delicious cannabis products along the way.
A empresa 1906, sediada no estado do Colorado, é uma marca popular que se aproveita dessa realidade com sua gama de chocolates com infusão de CBD. A empresa promove a aquisição que faz dos ingredientes orgânicos direto das fazendas do Colorado, apelando assim aos consumidores que reconhecem que os produtos de origem local são mais confiáveis. Blog Factor-Kline

Cheeba Chews é o mestre zen do mercado de comestíveis, uma empresa dedicada a fazer pequenos toffees de chocolate dosados com 70 mg de maconha por unidade.
A Medically Correct começou modestamente, com sua linha “Incredibles” de chocolates, do Buddha de manteiga de amendoim à barra “macaco”, recheada de bananas e nozes. Eles também têm a linha “Top Shelf Extracts” – como óleos de haxixe, doces Sweetstone, e também possuem ursinhos de goma medicados em seus estoques.
Ingredients: Milk and dark chocolate coating, walnuts, freeze dried bananas, sustainable palm kernel oil, cannabis extract, toasted coconut cream extract

Edible consumption meant risk, because effect and dose were a mystery. Our founders, Josh Fink, Derek Cumings, Rick Scarpello, and Bob Eschino, helped change that.
Os balconistas dos dispensários podem recomendar os produtos que proporcionam o gosto e a “sensação” mais gostosos, como verdadeiros sommeliers da erva. Turistas no estado de Denver estão limitados a comprar um quarto da quantidade vendida para os moradores. Quem está numa fila de alguma loja de maconha em Denver agora, não vai poder fumar dentro da loja, ao ar livre ou em seu bar local. Comestíveis embalados como doces, garrafas de refrigerante e bolinhos são mais difíceis de serem percebidos pela polícia. Só não esqueça de reciclar a embalagem.
Outra que entrou de cabeça nesse universo foi a Original Cannabis Café, conhecido também como Lowell Café, primeiro café canábico dos Estados Unidos foi aberto em outubro de 2019, na Califórnia. Sua sócia, Andrea Drummer, é formada na escola de culinária Le Cordon Bleu e autora de um livro sobre o tema. O espaço possibilita que o cliente deguste pratos saborosos enquanto fuma uma das cepas disponíveis na casa.

“Nenhuma receita no Lowell é infusionada com maconha. Legalmente, ainda não podemos fazer isso. Apenas harmonizamos muitos itens do cardápio com cepas específicas que temos na casa”, contou a chef à Vogue.
O 99th Floor também é uma das muitas novas empresas trabalhando para atender o novo consumidor de cannabis. Graças à crescente aceitação social e legalização, o número de adultos experimentando pela primeira vez está disparando.
Em 2018, a – anunciou aumentar seu investimento em Canopy Growth para 38%. As empresas de bebidas alcoólicas, que Lukas disse que em alguns casos estão enfrentando problemas de crescimento, estão entre as interessadas no mercado de canabinoides.
No Canadá, que legalizou a maconha, a Canopy Growth (Constellation Brands – fabricante das cervejas Corona e Modelo) desenvolveu uma série de bebidas com água com gás sob a nova marca Quatreau, disse a porta-voz da empresa, Laura Nadeau. Quatro bebidas diferentes contêm 20 mg de CBD, enquanto outras duas contêm 2 mg de THC e 2 mg de CBD por lata.
O Justin’s em Boulder é um exemplo desse sucesso, ao competi com grandes marcas estabelecidas, em 2004, o fundador Justin Gold começou a criar os primeiros lotes de suas manteigas de nozes na cozinha de sua casa.
“Mas a resposta é que há demanda do consumidor por marcas autênticas que têm uma pessoa real por trás delas e não apenas um grande gigante corporativo.” co-fundador da Weller, Matt Oscamou
O Brasil apesar de caminhar a passos lentos, temos alguns exemplos como o chefe capixaba Gustavo Colombeck, que foi ao Uruguai aprender e investir na gastronomia com cannabis. Depois de abrir os trabalhos com alfajores, ele passou a oferecer o serviço de chef particular, além de eventos privados no Museu da Cannabis, em Montevideo.
A chef Lilica420 compartilha seus conhecimentos com todos os brasileiros, e lançou um curso de culinária canábica que, além de ensinar a fazer deliciosas receitas com cannabis, ela pretende desmistificar todos os segredos da cozinha canábica.
Bruno Buko, conhecido como Green Chef, pesquisa o uso alimentício da cannabis há mais de dez anos, também mora no Uruguai e, deste ambiente legalizado, pode pesquisar e oferecer harmonizações para aproveitar ao máximo o potencial da planta.
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