A criação do plástico totalmente sintético, feito à base de petróleo, carvão e gás natural, segundo a revista Super Interessante, aconteceu em 1907 e com um bom propósito: substituir o marfim, a matéria que forma nos dentes dos elefantes, moldado desde o século XVII. O impacto da produção e descarte do plástico ao meio ambiente, coloca às empresas e cidadãos o papel vital de repensar atitudes e maneiras de reduzir o uso do material. The Green Hub in: UM CANCERIANO SEM LAR.
O Brasil não foge à regra e tem grande participação, estamos em quarto lugar no ranking de maiores produtores de lixo plástico do planeta, com 11,3 milhões de toneladas descartadas por ano, segundo a World Wildlife Fund (WWF). De todo este volume, apenas cerca de 1% é reciclado e grande parte do restante acaba nos rios e mares. As consequências desse cenário podem ser devastadoras, pois, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050 haverá mais plástico, em peso, do que peixes no oceano.


O Cânhamo tem um crescimento rápido e baixo custo para produzir. Seu cultivo é um dos mais diversamente aplicados e sustentáveis do mundo. Além disso, o Brasil possui enorme potencial agrícola e condições climáticas favoráveis para tornar o país um grande exportador da matéria.

Comparado a outras alternativas naturais como madeira, algodão e milho, a maconha usa 50% menos água em sua plantação e cresce 4 vezes mais rápido, tornando a matéria prima muito mais barata. Sechat
Ao ser fabricado com cânhamo, o plástico se torna um item biodegradável e não tóxico, o que o torna mais seguro para a saúde das pessoas e do meio ambiente. Enquanto uma sacola plástica convencional levará séculos para se degradar na natureza, o bioplástico levará de três a seis meses. Naturalmente, isso significa que o bioplástico de cânhamo não é ideal para utensílios de longo prazo, mas é perfeito para os de uso único. Infográfico da Sana Packaging traduzido pela The Green Hub

A empresa Sana Packaging produz embalagens feitas 100% a partir do bioplástico de cânhamo, plástico oceânico recuperado e outros materiais que visam reduzir o impacto do plástico tradicional no mundo.
O bioplástico não possui qualquer plástico em sua composição, é biodegradável e uma opção natural para a produção do petróleo e seus derivados. Enquanto uma sacola plástica convencional pode levar séculos para se degradar na natureza, o bioplástico de cânhamo leva de três a seis meses. Mas por quê o cânhamo?

A versatilidade da planta é uns dos pontos positivos. Sua semente, caule e folha podem ser aproveitados e transformados em matéria-prima para diversos setores: construção civil, alimentício, vestuário, biocombustível, pet, cosmético, entre tantos outros. O plástico, no entanto, é feito a partir do caule e fibras, tal como papel, tecidos, cordas e materiais de construção.
Comparado a outras alternativas naturais como madeira, algodão e milho, a maconha usa 50% menos água em sua plantação e cresce 4 vezes mais rápido, tornando a matéria prima muito mais barata. E esta alternativa pode vir do cânhamo: Biodegradável; Matéria-prima de fonte renovável; Resistente; Boa estabilidade térmica; Possui estabilidade UV (não amarela, perde a cor ou trinca quando exposto ao ar livre); Material leve.
Pois é, produzir bioplástico é uma das milhares de aplicações possíveis para o cânhamo – variação da cannabis com teor de tetrahidrocanabinol (THC) de 0,2 a 0,3, ou seja, sem qualquer possibilidade de gerar efeito psicoativo. A planta possui altas concentrações de celulose em sua composição e oferece alternativa sustentável em relação ao plástico mais utilizado hoje em dia, oriundo de resinas derivadas do petróleo ou gás natural, materiais fósseis, poluentes e finitos.

A tecnologia para produzir plástico a partir de celulose foi desenvolvida há anos e é aplicada por muitas indústrias. Contudo, as matérias-primas mais empregadas são a madeira, constituída de aproximadamente 40% de celulose, e o algodão, que tem concentrações de celulose em torno de 90%. O cânhamo contém cerca de 65 a 75% de celulose, porém, por ser uma planta que requer quatro vezes menos água para o cultivo e processamento do que o algodão, se torna a opção que menos impacta o meio ambiente no plantio. Um único hectare de cânhamo industrial pode fornecer cerca de cinco toneladas de celulose por ano.
As aplicações são as mesmas dos plásticos tradicionais. O material é eficiente para finalidades que vão desde produtos descartáveis, como canudos e copos, até peças de veículos. O que muda de um caso para outro é a composição. No caso dos bens duráveis, obviamente não biodegradáveis, o plástico de cânhamo recebe adição de compostos que garantem sua durabilidade.
Aliás, lá atrás, em 1941, Henry Ford já causou reboliço na indústria automobilística, quando apresentou seu protótipo de um carro feito com plástico de cânhamo. Na época, as peças eram feitas de metal e ele fez demonstrações de como o bioplástico de cânhamo poderia substituir o material de forma eficiente.

A empresa LEGO, que possui seis décadas de história em plástico, agora está investindo milhões de dólares para eliminar esse material. A estimativa é que em 2030, 60 bilhões de peças que a empresa fabrica a cada ano serão totalmente substituídas por cânhamo, uma variedade da Cannabis sativa. Sechat
Outra empresa, a australiana Zeoform, está trabalhando há anos no avanço das tecnologias de cânhamo biodegradáveis. Ela conta que desenvolveu um novo tipo de plástico feito inteiramente com cânhamo. Este material pode ser injetado ou moldado em produtos sem fim que vão desde botões até móveis de casa e até mesmo tijolos de brinquedo.
O plástico de cânhamo tem sido considerado excelente para o uso em impressoras 3D e há empresas que se dedicam exclusivamente à sua produção, como a Hemp Plastic Company.
Produzir plástico de cânhamo ainda é mais caro do que fabricar seus equivalentes baseados em combustível fóssil, porém os custos cairão e as sociedades em todo o planeta têm adotado padrões de escolha mais conscientes, preferindo produtos que ajudem no combate às mudanças climáticas e respeitem o planeta, o bioplástico de cânhamo é um produto promissor.
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