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Fumar maconha: um ato de egoísmo

Em mais um capítulo da novela cannabis e o cérebro, a ciência continua confirmando os malefícios provocados por essa droga, não apenas para o indivíduo que a consome, mas também para suas gerações futuras. Em artigo publicado recentemente na Epigenetics (fator de impacto 4,9), pesquisadores da Duke University comprovaram que ratos e seres humanos expostos à cannabis apresentam alterações no gene DLGAP2, que vem sendo reportado na gênese do autismo e da esquizofrenia. Michelson BorgesOutras Palavras

Os autores observaram ação de hipometilação desse gene provocada pela cannabis e que fica registrada em áreas de arquivo dentro do material genético a ser repassado pelos pais à sua prole por várias gerações. É uma evidência inicial de que o autismo pode ser “transmitido” epigeneticamente de forma intergeracional, pré-concepcional.

Recentemente o debate sobre a maconha voltou à mídia. As marchas em favor da descriminalização do uso recreativo da droga, e a violenta repressão da polícia ocorrida em alguns episódios trouxeram o tema para as telas. Arturo Branco – Nerds Somos Nozes

Do lado dos partidários da droga, prevalece o mesmo discurso de sempre. Países que liberaram o consumo, como a Holanda, tem menos violência do que países que reprimem a venda e uso da maconha, como o México. Os subprodutos das plantas da família cannabis, sobretudo da famosa cannabis sativa e da cannabis indica, seriam substâncias leves, muito mais inócuas do que o tabaco e o álcool, e teriam sido proibidas apenas por serem associadas a pessoas de baixa renda ou à latinos e afro-americanos.

A maconha é o nome popular das plantas (e de um subproduto das mesmas) conhecidas cientificamente como cannabis sativa e cannabis indica, ambas nativas do sudeste asiático, sendo a variedade sativa mais prevalente no subcontinente indiano e a indica mais prevalente nas regiões montanhosas do Himalaia, cultivadas e utilizadas desde as primeiras civilizações locais.

Os registros mais antigos presentes na literatura indiana indicam o uso, principalmente, da fibra das plantas para confecção de roupas, cordas, velas de embarcações e sacos. As sementes, ricas em fibra, são bastante presentes na alimentação dos povos do subcontinente indiano, e as tradições religiosas locais lembram Sidarta Gautama (o Buddha Sakyamuni para os budistas, ou o 24º avatar de Vishnu para os Hindus) como grande apreciador de sementes destas plantas.

Há também registros do uso das folhas de cannabis em chás purgativos na Índia. No Oriente Médio, seu uso religioso remonta à antiga Mesopotâmia, onde suas folhas eram queimadas em altares para produzirem “visões proféticas” aos sacerdotes (método de adivinhação conhecido como Piromancia, adivinhação por fogo ou fumaça). Seu nome em akadiano (uma das várias línguas da antiga mesopotâmia), qunnabtu, significa “Planta que faz fumaça”.

Na Idade Média, segundo textos de Marco Polo, uma Irmandade de Assassinos de origem persa e síria utilizava a cannabis em seus recrutamentos. Novos membros eram trancados em celas onde inalavam fumaça da queima das plantas até entrarem em delírio, e então eram levados a um harém, onde os líderes da Irmandade diziam ser o paraíso islâmico, prometendo que se morressem pela Irmandade, poderiam desfrutar daquele harém pela eternidade. Desta irmandade, conhecida como Ḥashāshīn, veio o nome “haxixe”, de um dos subprodutos da cannabis.

Com a descoberta da América e adoção do hábito de fumar tabaco pelos colonizadores, não tardou até a cannabis também começar a ser usada na fabricação de cigarros. Até a primeira metade do século XX, era comum o uso medicinal de cigarros de cannabis.

A história de que a cannabis foi proibida nos Estados Unidos e depois na grande maioria dos países do ocidente por sua associação aos negros e imigrantes latinos é falsa. O plantio e comercialização da planta já estava proibido nos Estados Unidos desde 1916, como uma tentativa de proteger as empresas americanas que fabricavam papel e tecido de fibras vegetais.

A Índia, sob domínio inglês, exportava mudas e sementes da planta, assim como tecidos feitos a partir dela. Como o plantio da cannabis era mais simples e a mão-de-obra indiana era barata, os tecidos e fibras acabavam chegando nos Estados Unidos por um preço inferior ao das fibras de juta e eucalipto, concorrendo de maneira desleal com as empresas americanas de sacos e papéis. Como medida de protecionismo, a cannabis foi banida dos EUA em 1916, por pressão de empresários como Andrew W. Mellon, William Randolph Hearst e da família Du Pont.

A proibição do consumo de substâncias derivadas de cannabis veio apenas em 1937, com o Harrison Narcotics Tax Act. Esta lei previu não só a proibição do consumo de derivados de cannabis como também de derivados de Erythroxylum coca (cocaína) e de derivados de Papaver somniferum (Ópio). O motivo da proibição era muito mais simples, e se mantêm até hoje, segundo o próprio documento, estas substâncias são psicoativas, causam perturbações visuais e na percepção, e podem causar acidentes automobilísticos.

Para entender o motivo da proibição, basta pensar que os Estados Unidos, em 1911 era considerado pelo jornal The New York Times como o país com mais viciados em substâncias psicoativas do mundo, com um em cada quatro habitantes viciados em alguma forma de opiáceo, e também um dos países que mais produziam automóveis no mundo, com a introdução da fabricação de automóveis em massa por Henry Ford.

Assim como aconteceu com a proibição dos cassinos no Brasil, em 1946, os jornais e demais veículos de comunicação dos Estados Unidos publicaram reportagens massivas em suporte ao Harrison Narcotics Tax Act. Muitas destas reportagens adquiriram cunhos racistas, associando afro-americanos, latinos e orientais à crimes motivados pelo uso de drogas, e embora possam ter influenciado a votação favorável do Congresso americano ao Harrison Narcotics Tax Act, estes supostos crimes perpetrados por minorias étnicas não foram incluídos na lei como motivadores para a proibição dos entorpecentes, como é espalhado pelos partidários da descriminalização da maconha.

Outro clichê dos que lutam pela descriminalização da droga é afirmar que a maconha causa “menos mal” que outras drogas legais, como o álcool e o tabaco. Segundo os partidários da causa, a maconha apenas causaria uma falha temporária de memória e, quando muito, a destruição de um ou outro neurônio.

Na verdade a coisa não é tão simples. Fumar maconha causa câncer da mesma maneira que fumar tabaco. Teoricamente a cannabis é menos cancerígena do que o tabaco, mas os cigarros de tabaco industrializados normalmente contém um filtro que barra parte das emissões de nicotina e alcatrão, que acaba por igualar o potencial cancerígeno ao do cigarro de cannabis sem filtro.

Também é conhecido o fato de que o consumo de maconha, em especial entre adolescentes, prejudica permanentemente a cognição e causa transtorno de atenção e concentração.

Outro efeito, ainda mais grave, porém menos conhecido (e sequer citado pela grande mídia) é a associação do consumo de maconha e o desenvolvimento de transtornos mentais, sobretudo a esquizofrenia. Segundo pesquisas européias, o consumo de cannabis possivelmente causa ou acelera o aparecimento de transtornos psiquiátricos em pessoas que carregam predisposição genética e estes, sendo que a porcentagem de pessoas que desenvolvem este tipo de transtornos é de três a seis vezes maior entre usuários de maconha do que entre não-usuários.

O termo esquizofrenia refere-se a um transtorno psíquico severo que se caracteriza pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações (visuais e sobretudo auditivas), delírios e alterações no contato com a realidade. Além da esquizofrenia, o consumo de cannabis possivelmente causa transtorno bipolar e transtorno obsessivo-compulsivo.

Segundo a Super Interessante, o mais recente relatório da Organização Mundial de Saúde relativo a drogas, a associação de Maconha com o aparecimento de esquizofrenia não pode ser provado cientificamente.

A descriminalização joga a questão da maconha em um vácuo jurídico. A droga não seria “legal” o bastante para ser vendida por comerciantes, mas seria “legal” para ser utilizada, ainda teria de ser comprada exclusivamente de traficantes, mas o usuário não estaria cometendo um delito portando ou consumindo a droga. Seria “legalizar” o uso da maconha e ainda criar um monopólio do tráfico de drogas.

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Publicado por Edson Jesus

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