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Gasto com tabagismo equivale a 23% dos recursos contra a Covid

O tabagismo é o único fator de risco totalmente evitável e responsável por mortes, doenças e alto custo ao sistema de saúde, assim como afeta indiretamente a qualidade de vida do cidadão e da sociedade. Inca – Carta Campinas. 09 set 2022

(foto ismael villafranco – ccl)

No Brasil, ainda não há estimativas robustas que mensurem em termos absolutos a magnitude da carga econômica do tabagismo. Em termos relativos, um estudo demonstrou que este fator de risco foi responsável por 7,7% dos custos de todas as internações e procedimentos de quimioterapia pagos pelo SUS em 2005 para as doenças analisadas (Pinto & Ugá, 2010). Entretanto, essa participação estimada pode ser considerada apenas uma parte do real impacto econômico do tabagismo para o Brasil.

Um estudo realizado pela pesquisadora da Fiocruz Márcia Pinto com base nos valores monetários de 2011, intitulado “Carga das Doenças Tabaco Relacionadas para o Brasil”, estimou o custo atribuível ao tabagismo em 21 bilhões de Reais por ano para o sistema de saúde. O estudo analisou um total de 2.442.038 casos de doenças e destes, 34% foram atribuíveis ao tabagismo (Pinto & Riviere, 2011).

Em 2015, a mesma pesquisadora publicou o artigo “Estimativa da Carga do Tabagismo no Brasil: mortalidade, morbidade e custos” onde avaliou os Anos de Vida Perdidos (AVP) atribuíveis ao tabagismo a nível populacional, sendo estimados dois componentes: Anos Potenciais de Vida Perdidos por morte prematura (APVP) e AVP por viver com Qualidade de Vida (AVP-QV). Com a inclusão destas variáveis, o custo total para o sistema de saúde atribuível ao tabagismo passou a 23,3 bilhões de Reais por ano (Pinto et al, 2015).

Os dados da pesquisa de 2011 foram atualizados e seus resultados apontaram que no ano de 2015, o tabagismo gerou custos para assistência médica associados ao tabagismo no Brasil em quase 40 bilhões de reais, o que equivale a 8,04% de todo o gasto em saúde, e os custos indiretos atingiram mais de 17 bilhões de reais, devido à produtividade perdida por morte prematura e incapacidade.

Os resultados totais apontam uma perda anual de 57 bilhões de reais, equivalente a 0,96% do PIB nacional. Em contrapartida a arrecadação fiscal total pela venda de produtos de tabaco e derivados alcançou em 2015, o valor aproximado a 13 bilhões de reais, um montante que cobre somente 33% dos custos diretos causados pelo tabagismo ao sistema de saúde e que representa apenas 23% do gasto total atribuível ao tabagismo (Pinto et al, 2017). Estes dados foram lançados no Dia Mundial sem Tabaco 2017 que também pode ser visto em Dia Mundial Sem Tabaco 2017 – 31 de maio.

Nova publicação do Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária (IECS) em 2020 estimou que no Brasil as doenças causadas pelo tabagismo custam R$ 125.148 bilhões ao ano (Pinto et al, 2020), ou seja, o equivalente a 23% do que o país gastou em 2020 para enfrentar a pandemia da Covid-19 (R$ 524 bilhões) (Tesouro Nacional Transparente, 2020). Esses custos são ainda maiores pois não incluem os gastos com ações de prevenção e tratamento para cessação do tabagismo, nem de prevenção e mitigação dos danos sanitários, sociais e ambientais decorrentes da produção de tabaco e do mercado ilegal de tabaco (Figura 1).

Figura 1 – Custos diretos e indiretos do tabagismo. IECS,2020

Dados de 2009 já indicavam que os custos atribuíveis ao tabagismo seriam responsáveis por perdas de US$ 500 bilhões ao ano devido à redução da produtividade, adoecimento e mortes prematuras no mundo (Shafey et al, 2009).

Nos países desenvolvidos, estima-se que o custo anual da assistência médica às doenças tabaco-relacionadas alcance de 6% a 15% do custo total do setor saúde (World Bank, 1999). No entanto, não é possível extrapolar essas proporções para os países em desenvolvimento devido às especificidades dos sistemas de saúde e ao estágio da epidemia do tabagismo. O quadro 1 apresenta alguns estudos realizados em países desenvolvidos e em desenvolvimento, indicando a magnitude dessa epidemia, sendo que alguns estimam custos associados à assistência médica e outros incorporam custos indiretos associado à perda de produtividade.

Quadro 1 – Custos associados ao tabagismo

FONTE / ANO PUBLICAÇÃOPAÍSANO de REFERÊNCIACUSTOS
Centers for Disease Control and Prevention,2014 ; Xu​ et al, 2014EUA2014USD 170 bilhões (diretos) +USD 156 bilhões (indiretos)
Yang et al, 2011China2008USD 28,9 bilhões
John et al, 2009Índia2004USD 1,7 bilhões
Neubauer et al, 2006Alemanha2003Euros 21 bilhões
Bolin & Lindgren, 2007Suécia2001USD 804 milhões
McGhee et al, 2006Hong Kong1998USD 688 milhões
Ruff et al, 2000Alemanha1996Euros 16,6 bilhões
Curbing the Epidemic: Governments and the Economics of Tobacco Control. The World Bank; 1999

De acordo com a publicação Tobacco Atlas em sua quinta edição (Ericksen et al, 2015), nos países de baixa renda os gastos públicos com políticas de controle do tabaco estão em torno de 68 milhões de dólares para combater um total de 4,3 milhões de mortes, enquanto os gastos públicos com outras enfermidades transmissíveis, como tuberculose, malária e AIDS, são muito mais elevados para enfrentar uma mortalidade significativamente menor. Estima também que a cada USD 6.36 (preço médio) gastos em uma embalagem com 20 cigarros, equivale a USD 35 gastos com doenças tabaco relacionadas. 

A 6ª Sessão da Conferência dos Estados Partes da Convenção-Quadro da OMS (COP6), realizada em outubro de 2014, reconheceu que os recursos financeiros governamentais destinados às políticas de controle do tabaco ainda são insuficientes para deter os danos sociais, econômicos e ambientais causados pelo consumo de produtos de tabaco. O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP) declarou que o consumo de produtos de tabaco custa anualmente de 1 a 2% do Produto Interno Bruto em todo mundo.

American Cancer Society estima também que a cada USD 6.36 (preço médio) gastos em uma embalagem com 20 cigarros, equivale a USD 35 gastos com doenças tabaco relacionadas.

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Publicado por Edson Jesus

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