Ela está no cérebro durante uma noite de sono reparador e inunda o corpo de bem-estar após um exercício. Flui para controlar a dor e se manifesta em toda parte do corpo que habitamos. É a nossa maconha interior, o sistema de moléculas produzidas pelo próprio organismo humano e batizado pela ciência de endocanabinoide. Ou seja, canabinoides, como os compostos da cannabis sativa, só que feita pelas células humanas (endo, de interno). VOCACIONADOS – 15 jan 2022

OS MISTÉRIOS E BENEFÍCIOS DA MACONHA INTERIOR Ciência investiga os endocanabinoides, substâncias produzidas no corpo humano semelhantes às encontradas na canabis. Com ação na dor, memória e apetite, esses compostos podem ser ativados por hábitos saudáveis Ela está no cérebro durante uma noite de sono reparador e inunda o corpo de bem-estar após um exercício. […]
ESTAR BEM
Uma análise de cientistas brasileiros mostra que é possível regular e potencializar os efeitos da maconha de cada dia por meio de dieta, atividade física e meditação – a tríade do bem-estar que a cada dia se mostra mais poderosa, e tem sido internamente estudada por laboratórios farmacêuticos em busca de drogas com aplicações em quase todo tipo de doença, como depressão, obesidade e diabetes.
O sistema endocanabinoide funciona como uma rede de substâncias químicas que conectam o cérebro ao resto do corpo e regula algumas das funções mais essenciais, como aprendizado, memória, controle da dor, da temperatura, do estresse, da inflamação e do apetite.
A ciência revela que essas pequenas moléculas que fluem pelo cérebro e estão em nossa carne, vísceras e ossos podem ser moduladas por nossos hábitos.
“A força dessa espécie de maconha interior tem o poder de transformar a medicina. Com hábitos saudáveis ajudando nosso corpo a manter níveis adequados de endocanabinoides”, afirma o neurocientista Ricardo Reis, do Laboratório de Neuroquímica do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Reis destaca que os endocanabinoides têm funções antioxidantes, anti-inflamatórias e na proteção das células, com potencial terapêutico para doenças neurológicas e obesidade.
O sistema é difuso e existe na superfície das células, composto pelos endocanabinoides em si e por seus receptores. O primeiro é a anandamida, cujo nome vem do sânscrito e significa graça ou benção. O segundo é desprovido de sedução na denominação. É o 2-anaquidonoilglicerol ou 2-AG.
Os receptores dos canabinoides, sejam endo ou fito, chamam-se apenas CB1 e CB2. O primeiro é o receptor celular mais ativo no cérebro. O segundo está mais ligado ao sistema imune.
A anandamida e o 2-AG são moléculas de lipídios, cuja função é mediar sinais de mensagens químicas trocadas pelas células. Ou seja, são gorduras do bem mensageiras, cuja porta de entrada são CB1 e CB2. Sua função primordial é manter corpo e mente em equilíbrio.
O organismo humano necessita de ajuda externa para produzir e manter o nível certo de endocanabinoides para fabricar essas gorduras, os ácidos graxos ômega 6 e ômega 3. O primeiro é abundante em alimentos, nas gorduras em geral (ovos, óleo de soja, carne vermelha), enquanto o ômega 3 que é naturalmente mais escasso, sobretudo na dieta baseada em alimentos industrializados, está presente em óleos de peixes de carne escura, como salmão, atum, cavala, bonito, nas nozes, na linhaça e na chia, por exemplo.
“Isso é um problema porque todos esses alimentos, que não eram baratos, estão proibitivos. Muitas vezes, a solução é a suplementação, mas mesmo ela é cara. Infelizmente, há desigualdade no acesso de nutrientes”, frisa a cientista Isis Trevenzoli, do Laboratório de Endocrinologia Molecular, do mesmo instituto da UFRJ e coautora da revisão geral sobre os endocanabinoides
A ação da atividade física era conhecida há mais tempo. Estudos mostraram que exercícios levam à liberação de anandamida, responsável pela sensação de êxtase relatada por corredores e ciclistas e conhecida como “runner’s high”, ou “barato do corredor”. Além disso, eles “treinam” o metabolismo para dosar a maconha interior.
A meditação regular também induz as células do cérebro a liberarem endocanabinoides, associados à sensação de plenitude.

O corpo humano é terra quase incógnita e descobrir a concentração ideal é relativa. Em excesso no hipotálamo, causa fome descontrolada. Não à toa a canabis provoca a larica, em outras partes cerebrais, os endocanabinoides produzem vários efeitos, como redução da ansiedade e depressão e controle da dor. Nos rins, melhoram a filtração.
A maconha interior foi “descoberta” nos anos 1990, quando cientistas investigavam o potencial terapêutico do canabidiol do THC, os dois principais dos mais de 400 canabinoides da planta.
É por isso que o canabidiol e o THC, chamados de fitocanabinoides (de fito, vegetal), têm ação terapêutica tão vasta e poderosa, explica .
“Fito e endocanabinoides se complementam. O canabidiol, por exemplo, aumenta a concentração da anandamida. Essa é a grande vantagem dos fitocanabinoides. Já os canabinoides sintéticos não são tão bons porque competem com os endocanabinoides”, diz a farmacêutica Luzia Sampaio, também no Laboratório de Neuroquímica, autora de um estudo sobre essas substâncias e a dor.
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