A Cannabis sativa pode ter um importante potencial terapêutico para o tratamento do uso problemático de cocaína e crack. O canabidiol (CBD), em particular, tem propriedades ansiolíticas, antipsicóticas e anticonvulsivantes e desempenha um papel na regulação dos circuitos de motivação no cérebro e no controle dos distúrbios do sono. Joel Rodrigues – 9 setembro, 2020

A professora Dra. Andrea Gallassi, coordenadora do Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da UnB, e colegas realizaram uma revisão sistemática para avaliar o uso potencial do canabidiol no tratamento do transtorno do uso de cocaína e/ou crack, publicada na revista Pharmacology, Biochemistry and Behavior.
Os relatórios considerados na revisão foram de estudos experimentais que administraram CBD a humanos e/ou animais adultos em uso ou com histórico de uso de cocaína/crack. O risco de viés (qualquer distorção durante o processo de investigação, que pode levar a resultados incorretos) foi avaliado por dois revisores independentes seguindo o protocolo do Centro de Revisão Sistemática para Experimentação com Animais de Laboratório (SYRCLE).
Os pesquisadores analisaram cinquenta e um estudos, dos quais 14 foram selecionados (apenas um ensaio clínico, em andamento, foi encontrado). Um baixo risco de viés foi detectado em quatro estudos somente.
O CBD promove redução no consumo de cocaína, além de interferir na estimulação da recompensa do cérebro induzida pela cocaína e liberação de dopamina. O composto da maconha promove alteração na memória contextual (habilidade para memorizar e discernir a origem de uma memória específica) associada à cocaína e nas neuroadaptações, hepatotoxicidade e convulsões induzidas pela cocaína/crack.
A evidência indica que o CBD é uma terapia adjuvante promissora para o tratamento da dependência de cocaína devido ao seu efeito sobre: sistema de recompensa cerebral da cocaína, consumo de cocaína, respostas comportamentais, ansiedade, proliferação neuronal, proteção e segurança hepática.
Atualmente, a equipe de pesquisadores liderada pela Dra. Andrea Gallassi está realizando um estudo clínico com usuários de crack para avaliar a eficácia do canabidiol (CBD) na supressão ou diminuição do vício em crack.
O uso de cannabis pode ser uma estratégia eficaz para pessoas que buscam controlar o uso de crack, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores do Centro sobre Uso de Substâncias da Colúmbia Britânica (BCCSU), no Canadá.
“Descobrimos que o uso intencional de cannabis precedeu o declínio no uso de crack entre usuários de crack que buscavam a automedicação com cannabis”, disse a médica Dra. Eugenia Socias, autora principal do estudo.
Os cientistas examinaram os históricos de uso de crack de 122 pessoas nos bairros Downtown Eastside e Downtown South, em Vancouver, e observaram reduções na frequência do uso de crack após períodos em que relataram o uso de cannabis para controlar o uso da droga, que apresentaram um declínio acentuado no consumo da substância, com a proporção de pessoas que relataram uso diário caindo de 35% para menos de 20%.
O estudo canadense se alinhou com um pequeno estudo realizado no Brasil, pelo psiquiatra Dartiu Xavier qual acompanhou 25 pessoas que buscavam tratamento contra o uso problemático de drogas e relataram usar maconha para reduzir a vontade por outras drogas mais pesadas como a cocaína e o crack. Em um período de nove meses de estudo, 68% dos participantes tinham parado de consumir o crack.
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Um comentário em “O potencial do uso de CBD no combate ao vício em crack e cocaína”