Sandman – 1ª Temporada

Sandman é uma franquia que atingiu um raro status de aclamação universal, com a história criada por Neil Gaiman, Sam Kieth e Mike Dringenberg nos anos 1980. A obra carrega um nível de excelência tão grande, que o medo do fracasso impediu diversas tentativas de levar essa história para outras mídias por mais de 30 anos, porém uma série da Netflix, que faz jus ao material base, mesmo sentindo a pressão do legado que carrega. Jovem Nerd – Gabriel Avila. 5 de agosto de 2022

Sandman, a série, é baseada no quadrinho de mesmo nome, publicado em 75 edições entre 1989 e 1996.

Assim como na HQ, o seriado começa no início do século XX, quando um grupo ocultista chamado Ordem dos Antigos Mistérios decide capturar a Morte. O ritual dá errado e eles aprisionam Sonho, entidade responsável por cuidar do mundo dos sonhos.

A apresentadora do programa matinal Mais Você ganhou uma versão própria do personagem, com direito a Louro José no papel do corvo Matthew e tudo. A arte impressionante foi feita e compartilhada pelo artista Daniel Bretas, no Twitter. Pedro Siqueira – 11 de agosto de 2022

É a partir desse ponto que a história começa a acompanhar Morfeu, o Lorde dos Sonhos, na jornada para se libertar e recuperar objetos roubados por seus captores. e todo um universo que, mesmo situado em um mundo como o que habitamos, é também povoado por criaturas mágicas, demônios, corvos falantes e encarnações de conceitos como Morte, Sonho, Desejo e Desespero – entidades chamadas Perpétuos.

É notável o esforço da produção em recriar a magia da publicação em todos os aspectos, desde dar vida a personagens, criaturas e cenários, até a recriar vários de seus diálogos palavra por palavra, ao demonstrar que os responsáveis pela adaptação conhecem e dão o devido respeito ao material original, o time liderado pelo showrunner Allan Heinberg mira em manter intactos os pontos que tornaram essa história tão memorável para gerações de leitores.

No elenco principal, destacam-se o Sonho de Tom Sturridge, o Coríntio de Boyd Holbrook, a Lucienne de Vivienne Acheampong e a Rose Walker de Vanesu Samunyai. Os dois primeiros são encarnações de conceitos abstratos, a terceira uma espécie de “voz da razão” no meio de todo esse caos e a última uma humana, combinação que aproveita o melhor da natureza de cada um para sempre trazer novos desdobramentos à trama.

O mesmo pode ser dito de atores com menos tempo de tela como Matthew e Merv (dublados por Patton Oswalt e Mark Hamill), Perpétuos (participações especiais), a encantadora e vibrante Morte de Kirby Howell-Baptiste, ou de Mason Alexander-Park como Desejo, que se faz tão fascinante quanto misteriosa, Gwendoline Christie (Lúcifer), David Thewlis (John Dee), Stephen Fry (Gilbert), Joely Richardson (Ethel Cripps) e especialmente Charles Dance (Roderick Burgess). Os atores entregam performances afiadas que demonstram na prática o quão rico é o universo de Sandman.

O problema é que esse apego excessivo à HQ também age como limitador, por medo de tomar qualquer decisão que fuja de uma recriação quase literal dos quadros e tornam a adaptação quase engessada.

A condução dos diretores Andrés Baiz (Narcos), Coralie Fargeat (Vingança) e Louise Hooper (The Witcher), que mantém a reverência ao material base, mas com a consciência de que é preciso mais do que fidelidade para tornar uma adaptação digna.

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