O ano de 2020 pode ser considerado como o início do desenvolvimento do setor de cannabis medicinal no Brasil. Apesar de a Anvisa permitir a compra online via importação da substância canabidiol desde 2015, foi apenas no ano passado que farmacêuticas puderam solicitar à agência uma autorização para vender nas farmácias físicas do país e processar o derivado da maconha em instalações do país. Victor Sena – exame.
A farmacêutica paranaense Prati-Donaduzzi recebeu o aval primeiro em 13/10/2021, mas a Anvisa tem uma fila de outros empreendimentos.
O canabidiol é uma das substâncias presentes na planta cannabis sativa e tem indicações para dores crônicas, convulsões, insônia e ansiedade. Ele não tem efeitos psicoativos.
Como faz exigências rígidas para o processamento e venda dessa substância que deve ter a matéria-prima importada, a entrada de novas marcas nas prateleiras segue um ritmo lento. Hoje, a principal forma de compra o canabidiol é via importação da substância pela internet.
A autorização para o plantio, garantiria a extração da matéria prima canabidiol em solo brasileiro. O Projeto de Lei no 399/15, que autoriza o plantio por empresas, associações e para pesquisa científica, foi aprovado em Comissão Especial da Câmara dos Deputados no início de junho, mas ainda não foi ao plenário.
O setor pode chegar a 4,7 bilhões de reais no país em três anos, segundo a empresa de pesquisas New Frontier Data, isso porque há todo um mercado auxiliar que se desenvolve ao redor das produtoras do canabidiol, como médicos prescritores, assessorias jurídica especializadas e no futuro deve haver alguma autorização para plantio industrial para extração medicinal.
A partir de um cenário em que o plantio é autorizado, a empresa Kaya Mind prevê que o setor poderia gerar até 328 mil empregos para economia brasileira após o quarto ano da sua regulamentação no Relatório Impacto Econômico da Cannabis. Neste cálculo, estão incluídas vagas dentro do setor da exploração industrial do cânhamo — variação da cannabis que pode ser utilizada principalmente para fibras têxteis.
Atualmente 371 mil profissionais trabalham na indústria de cannabis nos EUA e já somam mais que engenheiros elétricos e dentistas no mercado de trabalho, segundo dados da US Bureau of Labor Statistics. Estes dados são validados pela plataforma de busca de emprego, a Indeed, que registrou um aumento superior a 57% no número de vagas de trabalho em cannabis de 2019 para 2021 por lá.
Como o Brasil ainda tem uma regulamentação mais restritiva e não há perspectivas para o mercado de uso recreativo, as profissões do setor estão relacionadas ao uso medicinal, aos serviços auxiliares e a uma futura permissão do plantio.
Alguns estudos mostram que a indústria da maconha criou 200.000 novos empregos e novas oportunidades devem crescer nos próximos anos. Uma olhada nos sites de empregos relacionados à maconha mostra um grande número de empregos disponíveis. Alison Doyle – Chalized
Pronto para trabalhar na indústria? Há empregos disponíveis em muitos aspectos diferentes da indústria legal de maconha.
Com a maconha recreativa e medicinal disponível em várias formas diferentes, de produtos de confeitaria a doces, chocolates a chá, surgem vários trabalhos. Chefs comestíveis, por exemplo, são diretamente responsáveis pela criação de receitas e produção de mercadorias. Há uma variedade de outras posições na indústria de comestíveis também: do trabalho em uma linha de montagem até a rotulagem e embalagem, por exemplo.
Um trabalho trabalhando com comestíveis de maconha exigirá experiência com manipulação e produção de alimentos. Em muitos casos, um grau relacionado à culinária é o preferido.
Muitos dispensários oferecem serviços de entrega para os pacientes que são prescritos com maconha medicinal, mas não podem necessariamente sair de casa para pegar a receita. Além disso, os motoristas de caminhão são contratados para transportar produtos para seus diversos locais.
Um trabalho de entrega exigirá uma carteira de motorista válida, um registro de condução limpo e nenhum registro criminal. Algumas empresas exigirão que você tenha seu próprio carro e dispositivo GPS de alta quilometragem e, por questões de legalidade, em alguns estados, pode ser necessário que você tenha sua própria licença de maconha medicinal autorizada por médico para trabalhar na empresa.
Nos casos em que você fará interface com os clientes, também precisará de sólidas habilidades de comunicação.

À medida que mais e mais dispensários surgem, os gerentes de loja são necessários para executar com sucesso cada loja. Ter experiência anterior trabalhando em um dispensário é um grande trunfo – e às vezes, requer. No mínimo, você precisará de habilidades de varejo anteriores e será capaz de demonstrar sua capacidade de gerenciar com sucesso funcionários, operações de varejo e vendas.
Caixas ou vendedores de vendas front-end são necessários em dispensários e lojas para receber os clientes, responder às suas perguntas e anotar as vendas. Embora esta seja geralmente uma posição de nível de entrada, você precisará ter grandes habilidades de atendimento ao cliente e uma familiaridade com os produtos que você estará vendendo.
Website, mídias sociais e gerentes de e-mail são necessários para gerenciar a presença digital de dispensários, empresas de maconha e agências que gerenciam seus esforços de marketing, publicidade e relações públicas. Além disso, existem muitos sites e aplicativos relacionados à maconha que precisam de pessoal.

Um background em comunicação , mídia digital ou web e design gráfico é necessário para conseguir um emprego em um desses campos.
Guardas de segurança são necessários em dispensários, áreas de fabricação e outros lugares onde a maconha medicinal é produzida e distribuída. Em muitos casos, você precisará ser certificado como um guarda e licenciado para transportar um braço de fogo se o trabalho exigir uma guarda armada.
Marcelo Grecco, fundador da aceleradora de startups do setor de cannabis The Green Hub, destaca que o que está surgindo no país são especializações de profissões, por aqui, são médicos especializados, farmacêuticos, enfermeiros e veterinários que precisarão conhecer melhor do que se tratam os canabinoides – nome dado às diversas substâncias da cannabis. Isso só para falar do setor de saúde.
O que deve haver no Brasil é o surgimento de diversos profissionais especializados em toda a cadeia. Grecco destaca também profissionais para a área de cultivo, como agrônomos especializados, mesmo que o plantio ainda não seja permitido.
Colheita de maconha envolve em uma série de tarefas, incluindo o crescimento, corte e embalagem. Esses trabalhos de nível de entrada tendem a ser bastante trabalhosos, mas, geralmente, a experiência anterior não é necessária, embora seja recomendável.
A indústria farmacêutica que entrar neste ramo também deverá contratar bioquímicos com conhecimentos sobre a planta. Outra profissão que deve ter demanda serão os advogados.

Na discussão sobre o potencial agrícola da Cannabis, os especialistas salientaram o papel da planta na rotação de culturas, no controle de substâncias que podem “contaminar” o solo e na utilização da semente como alimento humano ou para o gado.
“Em qualquer lugar do mundo desenvolver negócios em torno da cannabis exige muita expertise jurídica. Mesmo as regulamentações mais abertas têm pontos de complexidade e contar com boa consultoria legal é essencial para evitar transtornos. É uma ótima área para advogados se especializarem”, comenta Marcelo.
Caso o plantio do cânhamo para utilização da fibra seja permitido, um mercado de têxtis também deve se abrir, com demanda por profissionais deste setor. Como já visto, a lista é longa.

Os gerentes de produção supervisionam e analisam todo o ciclo “semente a venda” do produto. Os gerentes de produção devem contabilizar operações, processos, gerenciamento de pessoal, além de orçamento e cronogramas.
O mercado parece promissor para outra empreendedora do setor de cannabis do Brasil. Viviane Sedola, fundadora da plataforma Dr. Cannabis, criou o curso “Você no Mercado de Cannabis”, que é focado justamente em ensinar o caminho das pedras para quem quer oportunidades profissionais ou empreender dentro da área.
Para quem deseja encontrar alguma oportunidade profissional, o site Cannabis Empregos tem reunido vagas do setor que já tem começado a aparecer no país. No Instagram da marca, também são anunciadas oportunidades.
Confira esses sites para vagas de emprego na indústria de maconha:
- 420Careers.com
- Cannajobs.com
- Ganjapreneur.com
- Ms. Mary Staffing
- HempStaff
Com crescimento dos negócios de cannabis medicinal no país, deve haver crescimento de demanda por profissionais especializados, principalmente na área de saúde; para o futuro, área de plantio é uma das promessas.
Em países em que o uso legal é permitido, como nos Estados Unidos, houve um boom de surgimento de profissões que são realmente uma novidade, como “sommeliers” de tipos de cannabis para consumo recreativo que auxiliam consumidores em lojas de estados como a Califórnia e o Colorado.

Um “budtender” trabalha em um dispensário para responder a perguntas de clientes, fornecer as informações corretas e, geralmente, ser o recurso de acesso do cliente para fazer compras. Assim, os budtenders devem ser pessoais e ter habilidades excepcionais de atendimento ao cliente, além de possuir experiência em vendas e relacionamento com o cliente.
Outra profissão nova e surgiu em países com permissão o uso recreativo é o de “Master Grower“, que seria como um mestre-agricultor, especialista em escolher a melhor variedade para produzir determinado tipo efeito no consumo.

Agora que e-cigarros e vaporizadores estão se tornando cada vez mais populares, muitas lojas estão surgindo dedicadas exclusivamente à venda de aparelhos sem fumaça. Conseguir um emprego em uma dessas lojas exigirá alguma familiaridade com a indústria, além de excelentes vendas e habilidades de serviço ao cliente .
Segundo o representante da empresa VerdeMed, José Bacelar, que atua na comercialização do canabidiol, subproduto da Cannabis, num curto espaço de tempo o Brasil vai ter que produzir ou importar a planta conhecida popularmente como maconha. Ele ressaltou que a demanda dos pacientes pode ser atendida sem problemas. Smoke Buddies
“É possível, sim, plantar cânhamo, plantar cannabis com baixos teores de THC, exercer o controle sobre a plantação, exercer os cuidados com toda a proteção para que não haja abusos e isso está sendo feito em 50 países do mundo”, disse em 2019.

“O solo brasileiro não possui grandes restrições para o cultivo de cannabis; nós avaliamos a altitude ideal para o cultivo de cannabis, que está em torno de 400 metros de altitude; a gente vê que grande parte do território brasileiro possui áreas adequadas para esses cultivos. Nós avaliamos também a temperatura ideal para o cultivo das plantas, então a gente vê que a região Norte, em geral, pelas altas temperaturas, possui uma aptidão menor em relação ao cultivo de cannabis”, explicou o pesquisador Sérgio de Sousa, da Universidade Federal de Viçosa, apresentou alguns resultados de um estudo sobre as melhores condições para a cultura.
Parlamentares presentes à audiência pública lamentaram que o debate sobre o plantio da cannabis para fins medicinais ainda esteja polarizado, principalmente por conta de questões morais e religiosas. Para o deputado Fabiano Tolentino (Cidadania-MG) é preciso haver uma decisão rápida sobre o tema, porque a demanda está aumentando e, por enquanto, os pacientes são obrigados a recorrer ao mercado paralelo.
Representante da Polícia Federal no debate, Marcos Paulo Pimentel afirmou que dependendo do tipo de planta que for liberada para cultivo, com maior ou menor teor de THC, a decisão pode repercutir na segurança pública do país. Ele acrescentou que é preciso reduzir as brechas que permitam que o objetivo inicial do plantio – o uso medicinal – seja desvirtuado.
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